A Modinha de Xingar Galvão Bueno

No Brasil é assim. Muita gente faz alguma coisa porque outros estão fazendo. Nos protestos contra Fernando Collor foi assim também, muita gente na rua que não sabia o que estava fazendo ali. Mas era um barato.

Agora, o Judas da vez é Galvão Bueno. Virou modinha falar mal dele, dizer que ele é mala. Virou modinha levar cartaz no campo ofendendo o cara e gritar nos estádios palavrões contra o Narrador.

Acompanho Galvão Bueno desde a década de 70, desde sua entrada na Globo. Confesso, ele mudou muito, antes era bem melhor. Galvão era mais centrado no jogo, mais técnico e frio, e menos torcedor.

Hoje, com moral na Globo, ele se inflama, com total liberdade para dizer o que quiser. Inclusive besteiras. Galvão se comporta como um torcedor de arquiba, um cara no Boteco, que quer dar a sua opinião. Ele erra, tenta justificar as coisas que estão sendo mostradas em nossa tela e as vezes empurrar sua opinião pessoal. É um torcedor. Um amigo.

Sim, ninguém parou para pensar que Galvão quer ser povão, quer estar mais próximo do telespectador. Como um amigo exaltado esbravejando na mesa de um bar: "tava impedido! que vergonha!".

É, as vezes ele exagera, como os chatos que aparecem no Bar e querem ter a opinião final, toda a razão. Mas nada disso justifica essa campanha nacional contra o cara.

Principalmente por um ponto essencial; tirando as chatices, invencionices, birras e posturas de mandão, Galvão Bueno ainda é o melhor narrador esportivo da TV (do rádio é José Silvério).

Galvão dá total dramaticidade aos momentos mais difíceis dos jogos. Quem pode esquecer sua famosa chamada: "É dramático!". E sem falar de suas narrações de Gol que são emocionantes.

Não quero defender ninguém aqui. Sei que o cara tem defeitos. Só quero tentar colocar a situação por mais de um ponto de vista. Não vale a pena xingar uma pessoa sem saber por quê. Aliás, quando é que vale a pena xingar alguém?