segunda-feira, 3 de setembro de 2007

O fim dos juízes de futebol

Meu pai apitou por mais de 10 anos. Foi árbitro da FPF e da CBF. Minha grande diversão quando garoto era ir com ele aos jogos, ganhar camisas de clubes e bolas. Adorava.

Tive que ver muito jogo escondido, vi meu pai sair escoltado com polícia e vi alguns de nossos carros apedrejados. Fazia parte da vida de um juíz. Tudo isso na década de 70 e 80. Já era difícil naquela época.

Por essa experiência de vida, posso garantir que o futebol era muito diferente do que é hoje. E por isso, fico abismado que continuemos a tratar de arbitragem como fazíamos antigamente.

O modelo atual é um modelo falido e pouca gente assume isso.
É impossível para um ser humano apitar uma partida nos padrões atuais, por sua dinâmica e velocidade. E os grupos que têm poder de opinião não colaboram pela mudança. Só criticam.

Precisamos de um movimento em busca da modernização da arbitragem. Estamos no passado e com isso caminhamos para o caos no futebol. Precisamos, como nos Estados Unidos, usar a tecnologia (usar o VT), aumentar o número de árbitros (aumentando o número de olhos) e melhorar os nossos processos (regras).

Engana-se quem pensa que isso é importante apenas para o futebol. Trata-se também de uma questão social e de segurança. As reclamações pelos erros de arbitragem são cada vez mais exaltadas, principalmente pelos dirigentes. Os torcedores sentem-se lesados e somado à típica sensação de impunidade existente no Brasil canalizam essa angústia para a violência.

Resumindo, erros de arbitragem geram violência nas torcidas e violência nas ruas. Cansei de ver torcida destruindo tudo na saída de estádio por revolta com a arbitragem. O que a FIFA valoriza e coloca como "polêmica saudável" está se transformando em raiva e agressividade.

Ter uma arbitragem mais profissional e tecnológica não vai tirar a graça do futebol, nem diminuir as discussões de botequim. Pelo contrário, vai promover muito mais tolerância, felicidade e prazer pelo esporte.

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